Como prometido, aqui estou eu.
Voltei mais aliviada e mais segura, quer de mim mesma, quer das minhas recentes decisões. A consulta correu bem, estava nervosa, a transpirar e tive umas quantas vezes aquele terrível hábito que temos de olhar para cima para conseguirmos conter as lágrimas. A minha mãe entrou comigo nos primeiros cinco minutos para quebrar aquele gelo e aquele clima estranho entre mim e a psicóloga, depois do feito saiu e ficou numa sala à minha espera. Foi quando fiquei sozinha, eu e ela, eu e uma estranha, sentadas frente a frente numa mesinha redonda, de madeira escura. Várias vezes engoli em seco ao olhar-lhe directamente nos olhos e hesitava quase sempre que tinha que falar embora não tivesse obrigatoriamente que responder a nada do que não fizesse parte dos meus planos responder. Nunca tive tempo para pensar muito bem naquilo que iria dizer, queria dar respostas com alguma lógica e que fossem no mínimo aceitáveis, mas não tive tempo para isso e dava por mim a balbuciar as maiores barbaridades alguma vez saídas da minha boca. Mas tirando tudo isso, correu bem, saí conforme entrei, segura de que nada nem ninguém me fariam mudar de ideias, de que nenhum argumento seria tão forte quanto o meu de querer ser livre e um bocadinho mais feliz. E ficou por ali, foi uma conversa agradável e ela perguntou-me se tencionava lá voltar, mas se sim, que fosse ao menos por minha vontade e não condicionada às vontades de outro alguém. O facto é que não sei o que fazer, não sei se volte se não, porque apesar de não ter desgostado dela, também não achei que tivesse tido grande influência sobre mim. Preciso de ajuda, não sei que escolha faça. O que é que vocês acham?